É muito comum passarmos os dias fundidos com as nossas histórias. Quando pensamos “eu sou ansioso”, “eu sou tímido” ou “eu sou um fracasso”, tendemos a acreditar que somos esses rótulos. Você pode estar preso as histórias que contamos sobre nós mesmos, ou seja, preso no seu “Eu Rótulo“. Mas você é muito mais do que a histórias ou rótulos. Para ganhar inteligência emocional e não ser dominado por esses rótulos, precisamos aprender a mudar a nossa perspectiva, por isso vamos usar a Metáfora do Teatro para entender as diferentes partes de quem você é:

1. O Ator no Palco (O “Eu Rotulado”)

Imagine que os seus pensamentos negativos, seus rótulos e julgamentos sobre si mesmo, são o Ator principal da peça. O Ator está preso ao roteiro. Ele recita as falas dramáticas que sua mente escreveu: “Ninguém gosta de mim”, “Vai dar tudo errado”. O Personagem acredita piamente que aquele drama é a única realidade que existe. O Ator veste a fantasia da ansiedade ou da tristeza e a interpreta com total dedicação.

2. O Público na Plateia (O “Eu Processual” ou “Eu Entretido”)

Existe também uma parte de você que está assistindo ao desenrolar da cena momento a momento. Este é o Público. O Público é o seu Eu Entretido: é a parte de você que sente as emoções fluindo, que nota as sensações físicas, que se “entretêm” com o drama. Quando a peça é triste, o público chora; quando é assustadora, o público se encolhe. O Público está imerso na experiência, reagindo a cada cena que o Ator apresenta, muitas vezes sendo levado pela emoção do espetáculo.

3. O Diretor (O “Eu Observador”)

Agora, imagine que, acima de tudo isso, existe o Diretor da peça. O Diretor não está no palco, não é o rótulo nem ator. O Diretor também não está sentado na plateia sendo arrastado emocionalmente pelo drama. O Diretor está em uma posição privilegiada. Ele consegue ver o Ator atuando. Ele consegue ver o Público reagindo. Ele vê as luzes, o cenário e sabe que aquilo é uma representação e um entretenimento ao mesmo tempo. Este é o seu Eu Observador. É a parte de você que é capaz de notar o pensamento, “Olha, o ator está dizendo que é incapaz”, e notar a reação, “Olha, o público ficou triste com essa fala”, sem se confundir com nenhum dos dois.

Por que isso é importante?

Muitas vezes, quando sofremos, é porque achamos que somos o Ator e que não podemos sair do personagem. Ou ficamos presos como uma Plateia entretida, sofrendo com cada reviravolta da peça como se fosse o fim do mundo.

Desenvolver a Flexibilidade de Perspectiva de Si significa aprender a ocupar todos esses lugares de forma voluntária e fluida, principalmente, aprender sentar na Cadeira do Diretor, pois:

  • O Diretor não precisa demitir o Ator (parar os pensamentos).
  • O Diretor não precisa expulsar o Público (parar de sentir).
  • O Diretor apenas observa o espetáculo com distanciamento e clareza. Ele sabe que a peça é apenas uma parte do teatro, mas não é o teatro inteiro.

Um convite para a prática: Na próxima vez que você se sentir dominado por um sentimento intenso ou um pensamento repetitivo, tente visualizar esse teatro. Pergunte a si mesmo: “Eu estou agindo como o Ator preso no drama? Eu estou na Plateia sendo levado pela emoção? Ou eu consigo dar um passo atrás, sentar na Cadeira do Diretor e apenas observar essa cena acontecendo?” Você é o espaço onde toda a peça acontece, não apenas o papel que está sendo encenado.


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