Quase toda brincadeira faz bem para a criança, isso já consenso na psicologia, tanto que as Nações Unidas desde 1989 reconhecem o brincar com o um dos direitos fundamentais (Resolução 44/25 do Escritório do Alto Comissionário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em novembro de 1989). Durante muitas décadas as pesquisas científicas apontam que o brincar normalmente cria oportunidades de experimentações, de atitudes e de novas soluções para problemas cotidianos da criança. Neste contexto, incidem benefícios sobre o desenvolvimento emocional, cognitivo, motor e social de crianças e adolescentes. Entretanto, podemos dizer que qualquer tipo de brincadeira é benéfica? Existem brincadeiras arriscadas ou perigosas para saúde das crianças? Algumas brincadeiras são claramente perigosas como brincar com fogo, facas afiadas, explosivos, veneno, animais peçonhentos, plantas toxicas, medicamentos, a lista não tem fim. Isto você já sabe. Por outro lado, existem brincadeiras que são aparentemente inofensivas, mas podem causar sérios problema às crianças e adolescentes. Conforme já mencionado no artigo “Meu filho não sai da frente do computador: o que fazer?”, é crucial dar preferência à jogos e brincadeiras tradicionais aos intermediados por equipamentos eletrônicos. Isto porque, para além dos já comprovados malefícios produzidos pelas “telas”, há com o uso dos brinquedos tradicionais, o favorecimento da interação entre as crianças ou entre as crianças e os adultos, muito benéfico ao desenvolvimento infantil. Uma pesquisa da Northern Arizona University, nos EUA, (SOSA, 2016) mostrou que brincar com livros ou brinquedos tradicionais facilita consideravelmente o desenvolvimento da linguagem em crianças, já que promove um nível qualitativo de comunicação, o que não ocorre com os brinquedos eletrônicos (com telas). Estes por sua vez, podem vir a acarretar atrasos na linguagem e no aprendizado. Dispositivos eletrônicos são tão eficientes para o desenvolvimento da linguagem e do aprendizado, quanto manter seu filho amarrado ajuda a desenvolver a coordenação motora. Talvez agora você entenda que os anos de brincadeiras com telas podem estar fortemente relacionados com os problemas no desempenho escolar do seu filho(a). Temos orientado nossos clientes que:
- Até os 2 anos de idade da criança: proibir o uso de dispositivos com telas (assim como proíbem a manipulação de objetos de vidro, pois existe um risco para a saúde dos bebês)
- Dos 2 ao 5 anos de idade: os dispositivos eletrônicos não trazem nenhum benefício, mas podem ser utilizados por até 01 horas com supervisão, se for do desejo dos pais.
- Com 06 anos ou mais: o tempo varia conforme o desempenho cognitivo, emocional, social e psicomotor de cada criança.
Com isso, sugerimos que os pais devem investir tempo para ler para ou com os filhos e para brincar junto, olho no olho, e não olho na tela, pois são estas atividades que trazem benefícios comprovados cientificamente. Os benefícios são ainda maiores quando a escolha do brinquedo/jogo/livro/brincadeira atende a idade da criança. Em geral, os jogos apresentam essa classificação etária nas caixas/embalagens. Seguem algumas dicas para escolher uma brincadeira adequada:
- Até 01 ano: brincadeiras e objetos que agucem os sentidos (bater palmas, conversas com vozes diferentes, e usar chocalhos).
- Entre 1 e 1,5 ano: facilitação do desenvolvimento motor (blocos para empilhar, objetos que possam ser esvaziados e enchidos de água).
- Entre 2 e 4 anos: representações da vida diária (carrinhos, ferramentas de trabalho, bonecas).
- Entre 4 e 6 anos: exploração do raciocínio, facilitação do desenvolvimento mental e emocional.
- Entre 8 e 10 anos: jogos mais elaborados e/ou grupais (quebra-cabeça, pique-pega).
- 10 anos em diante: jogos que envolvem competição, cooperação e elaboração de frustrações.
Divirtam-se!
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Para entrar em contato com os autores:
Rafael Balbi contato@consultoriorafaelbalbi.com
Juliana Gomes julianabaltarpsicologia@gmail.com
Referência Bibliográfica
Sosa AV. Association of the Type of Toy Used During Play With the Quantity and Quality of Parent-Infant Communication. JAMA Pediatr.2016;170(2):132–137. doi:10.1001/jamapediatrics.2015.3753