É comum a temática “separação e divórcio” aparecer nos nossos atendimentos, seja na forma de passado, presente ou futuro. Fica muito claro em nossa experiência clínica (e embasado pelo conhecimento científico) que a separação e o divórcio são uma experiência muito dolorosa em nossa cultura, em especial quando envolvem filhos e bens. Separação e divórcio são diferentes do ponto de vista legal, explicando de uma forma simples, a separação é quando o casal deixa de viver junto, mas mantém os vínculos do contrato do casamento jurídico. O divórcio ocorre quando o contrato é encerrado. Neste texto vamos tratar da separação seguida de divórcio como um evento único, por isso no título está “a separação e o divórcio”. Em geral, separação e divórcio são a possibilidade de solucionar um problema difícil de uma forma extrema e duradoura, logo não vale a pena quando:
- É apenas uma ameaça. Pessoas com problemas no casamento frequentemente ameaçam o cônjuge com o divórcio, achando que isso irá fazer o cônjuge mudar seus comportamentos. A possibilidade de divórcio não pode ser apresentada na forma de ameaça, mas quando realmente é a melhor forma de solucionar o problema, pensando no bem de todos os lados, do casal e dos filhos.
- Você deseja se vingar ou fazer mal para seu cônjuge. É comum ver alguns clientes falando de separação e divórcio como forma de vingança para traição ou outro comportamento do parceiro considerado grave. Essas pessoas acreditam que terão “paz e tranquilidade” ao punir o parceiro pelo “erro” grave. Considerando que separação e divórcio podem fazer mal para você (e seus filhos), muitas vezes não faz sentido se prejudicar (e prejudicar os filhos) para ver o outro sofrer.
- Estar sozinho dói muito mais do que ficar com o atual cônjuge. Em geral, as pessoas, depois de casadas, se esquecem o quanto pode ser doloroso ficar sozinho (ficar sem um parceiro amoroso), e quão difícil é desenvolver um novo relacionamento saudável.
- Há outras opções para solução dos problemas conjugais. Todos os casais têm e terão problemas de relacionamento, e há diversas formas de solucionar os problemas. O divórcio como solução pode criar muitos problemas, e acabar não valendo a pena. Talvez, seja mais apropriado tentar soluções menos dolorosas. Em geral, as pessoas acreditam que a escolha do cônjuge foi malfeita, e um novo relacionamento amoroso eliminará os desentendimentos, “doce ilusão do mundo da fantasia”. No mundo real, muitas vezes, vale mais a pena investir no relacionamento atual do que partir para separação e divórcio. Você pode olhar para os problemas atuais do relacionamento como uma oportunidade de crescimento pessoal, e, com isso, desenvolver habilidades necessárias para qualquer outro relacionamento que você venha a ter ao longo da vida. É comum encontrar pessoas que já passaram por muitos divórcios e continuam insatisfeitas com o relacionamento amoroso, em geral, a causa é a falta de habilidade delas em gerenciar os problemas conjugais. A sua dificuldade pode estar em fugir do problema, ao invés de enfrenta-lo. Isto significa desenvolver habilidades de relacionamentos conjugais, como a de comunicação, já descrita no artigo “Problemas de comunicação com o parceiro? Dicas para se comunicar de forma eficaz com quem você ama”. A dificuldade de escolher cônjuge existe, mas, em nossa prática, é menos frequente do que o déficit de habilidades conjugais dos casais. A dificuldade na escolha de cônjuge, em geral, está ligada a traumas do passado e habilidades gerais de tomada de decisão.
Como você já percebeu, a separação pode ser uma das primeiras soluções que passa na cabeça dos casais com problemas, mas nem sempre é a melhor solução. Resolver problemas do casamento pode ser muito difícil para algumas pessoas, mesmo buscando ajuda de familiares, amigos e líderes religiosos. Nestes casos um psicólogo(a) pode ajudar mais, pois nós fomos treinados para isso. A terapia individual pode te ajudar a conhecer muito mais sobre você, desenvolver habilidades, e tratar traumas. A terapia de casal pode ajudar os(as) parceiros(as) a se conhecerem melhor e a acharem o equilíbrio para a relação.
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