Coração acelerado, suor excessivo, tremores, falta de ar, tonturas, enjoo, dores no peito, formigamentos, sensação de morte eminente ou de perder o controle de si.  Com certeza só de ouvir esses sintomas você ficaria bastante preocupado, correto? Isso é a descrição de um Ataque de Pânico que uma pessoa pode ter por alguns minutos, ainda que dure pouco tempo costuma ser uma experiência muito assustadora. Após a primeira crise, pode surgir o medo de viver algo parecido novamente, com isso a pessoa passa a ter medo de ter Ataques de Pânico, o que chamamos de Transtorno de Pânico, uma das doenças mais frequentes e incapacitantes na área dos transtornos de ansiedade. Pacientes com este transtorno tentam desenvolver estratégias para evitar que novas crises aconteçam, o que se mostra inútil, pois na maioria das vezes as estratégias agravam o problema.
Um indivíduo com Transtorno de Pânico tem muita dificuldade para manter suas atividades diárias, pois às vezes passa horas prestando atenção em seus batimentos cardíacos e sua respiração tentando prever se está “passando mal” novamente, se um novo Ataque de Pânico está prestes a acontecer. Muitos pacientes com esse transtorno também desenvolvem a Agorafobia, que é o medo de ter crises em ambientes que não possam ser socorridos caso precisem. A pessoa com Transtorno de Pânico e Agorafobia, além do medo de ter novos Ataques de Pânicos, passa a ter medo de lugares em não possa receber socorro (ou o socorro seja difícil), caso tenha um ataque, como lojas, cinema, mercados, pontes, transporte público.
Estudos mostram que o transtorno costuma surgir entre o fim da adolescência e início da fase adulta, e que mulheres tem duas vezes mais propensão de desenvolverem a doença. Não há nenhuma causa específica conhecida que justifique o transtorno, porém sabemos que fatores biológicos, genéticos, ambientais e psicossociais certamente estão envolvidos. A maioria dos casos está associado a altos níveis de estresse e eventos traumáticos.
Muitas vezes, pacientes com Ataques de Pânicos acreditam que estão tendo um enfarte do coração, e com isso procuram o cardiologista (ou pronto socorro cardiológico). Isto é ótimo, pois todos os fatores fisiológicos devem ser investigados e uma intervenção médica de urgência pode ser necessária. O problema começa quando o cardiologista (ou outro médico) encaminha para o psiquiatra, e o paciente insiste na busca de uma “causa física” (doença cardiológica, neurológica e outras), negando a possibilidade de ter uma “doença mental”. Antes de aceitar o diagnostico do transtorno, o paciente faz uma peregrinação a hospitais e especialidades médicas, realiza muitos exames desnecessários. Este atraso para o início do tratamento permite o avanço da doença, o que dificulta ainda mais a vida do paciente. Ou seja, se você ou seu familiar recebeu um encaminhamento para o psicólogo e/ou psiquiatra, não protele a marcação da consulta. Quanto mais cedo o tratamento começar, mais rápido ele termina.
O Transtorno de Pânico não é frescura, é uma doença e tem tratamento. O melhor tratamento é a combinação de medicamentos (normalmente antidepressivos e ansiolíticos), e psicoterapia (mais informações no artigo “O que é Psicoterapia?”). O apoio dos familiares também é de grande importância, pois potencializa os efeitos da medicação e da psicoterapia. Por outro lado, familiares ou amigos que pressionam e/ou menosprezam os sentimentos do paciente estão na verdade atrapalhando o tratamento. A palavra de ordem nesses casos é paciência e empatia, a pessoa com transtorno não escolheu ficar doente, não escolheu ter Ataques de Pânico. O tratamento pode demorar, porém tem, com frequência, resultados muito bons para o tratamento combinado (medicação+psicoterapia).
O tratamento psicológico (psicoterapia) mais indicado para o Transtorno de Pânico é a Terapia Cognitivo-Comportamental, pois possui as mais fortes evidências científicas (como explicado no artigo “Os melhores tratamentos psicológicos desenvolvidos pela ciência até o momento”). Durante a terapia, o paciente aprende um pouco sobre a doença, por exemplo, que a ansiedade está relacionada com o sistema nervoso, as reações normais de luta e fuga do organismo, e que um nível elevado de ansiedade pode parecer morte eminente. O paciente também aprende a lidar com a hiperventilação – ritmo elevado de respiração – e as mudanças associadas a ela. Ele é ensinado a realizar a respiração adequada para minimizar as chances de ter novos ataques. Além de conhecer mais sobre a doença e aprender a lidar com a hiperventilação, o paciente também aprende a lidar com emoções negativas e pensamentos negativos (como explicado no artigo “O controle de pensamentos negativos”). Portanto, se você conhece alguém que sofre com Transtorno de Pânico, e já descartou as possibilidades de “causas físicas”, oriente-o a procurar ajuda de profissionais da saúde mental, como psicólogo e psiquiatra, nós estamos preparados para ajudá-lo.

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Para entrar em contato com os autores:
Rafael Balbi: e-mail contato@consultoriorafaelbalbi.com
Pâmela Altoé: e-mail pamelasantiagodeoliveira@gmail.com

Referências:
Hofmann, S. G. (2011). An introduction to modern CBT: Psychological solutions to mental health problems. John Wiley & Sons.
Nardi, A. E., Quevedo, J., & da Silva, A. G. (2013). Transtorno de pânico: teoria e clínica. Artmed Editora.

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